Ajuda

A força que vem de um amor exigente

Grupo em Pelotas trabalha com o programa que oferece auxílio a dependentes químicos

Jô Folha -

Uma mão que dá, outra que recebe. Verde em nome da esperança e o amor maior que a exigência. Não é à toa que este é o símbolo do projeto Amor Exigente, programa de auto e mútua ajuda que assiste dependentes químicos e seus familiares em processo de reabilitação. Em Pelotas, a filosofia é praticada pelo grupo Fênix, que promove encontros semanais onde são compartilhadas, entre dores e angústias, palavras de conforto, motivação e principalmente a noção de que para vencer dentro desta luta é preciso muita união e perseverança.

O trabalho na cidade conta com o apoio de 14 voluntários. Pessoas como Vera Carvalho e Maria Heloísa Rosa, que chegaram até o programa por meio de uma necessidade, curaram suas feridas - e de seus familiares - e optaram por permanecer para ajudar outros com os mesmos desafios. “Não existe escola que ensine a ser pai e mãe, muito menos a lidar com problemas como estes. Aqui nos apoiamos e lutamos juntos”, diz Heloísa.

O coordenador do projeto, Paulo Rosa, explica que se pratica o Amor Exigente no município há mais de 25 anos. A princípio, o programa era ligado à Comunidade Terapêutica Casa do Amor Exigente, o Caex. No entanto, na intenção de fazer um trabalho também preventivo e mais voltado à família, separou-se o grupo da comunidade. Ambos continuam parceiros e a Caex ainda é a principal porta de entrada para o Fênix, porém não a única. As reuniões recebem pessoas de todas as idades, tendo sido usuárias ou não de drogas. “Não precisa ter o problema para nos procurar. Podemos também atuar antes e evitar que a droga aconteça.”

Como forma de trabalhar tanto a prevenção, quanto aqueles que se encontram em reabilitação, os encontros baseiam-se em princípios básicos e éticos, que estimulam o autoconhecimento e a ação. Nas reuniões também há o momento de ouvir e ser ouvido, além da definição de metas semanais para a auxiliar no processo de recuperação. “A mudança não é de um dia para o outro. É lenta e permanente. Por isso trabalhamos com pequenos passos e estimulamos a perseverança, fator de grande importância”, diz Vera. A família é outra peça-chave da reabilitação. “Sem a família não tem recuperação. Ela é a base. Se o filho adoece, a família adoece junto. Se ele recai, todos recaem. A família é codependente e precisa se fazer presente”, complementa Paulo.

O grupo atende hoje entre 20 e 30 pessoas. Número que varia constantemente, já que não há nenhuma espécie de controle por parte dos voluntários. Sem uma sede, sonho antigo do Fênix, as reuniões ocorrem na Igreja da Luz, porém, os integrantes ressaltam que não há nenhuma espécie de vínculo com o catolicismo ou qualquer outra religião.

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O uso abusivo de drogas marca a história de usuários e familiares com momentos dolorosos de medo e incertezas. Em meio a um destes momentos, uma das frequentadoras do grupo Fênix, que prefere não se identificar, conheceu a filosofia do Amor Exigente. Seu neto, dependente de álcool e múltiplas drogas, provocou situações extremas em casa e nas ruas. “A gente fica sem saber o que fazer. Procurei uma vizinha que tinha comentado do programa e pedi ajuda. É uma decisão muito difícil de tomar.”

Hoje, o neto está em processo de reabilitação. E a avó frequentando os encontros. “Ali tu aprende tudo. A deixar de ter pena de ti, da pessoa. Ouve palavras que precisa ouvir, faz amigos e aprende a ser firme”, conta. Para ela, o grupo tem sido fundamental. Entre idas e vindas já completa um ano em contato com o Amor Exigente e considera fundamental o trabalho feito pelos voluntários de suporte e orientação pra quem vive esta realidade.

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